sexta-feira, 15 de abril de 2011

Inveja mata!


Depois da romântica e profunda inspiração do último post, volto à velha forma, destilando veneno e com alta dose de ira nesse meu coraçãozinho machucado pelas agruras da vida de mulher casada.

Preparem-se. Estou afiada! E irritada. Isso dá um caldo dos grossos e você, prezado leitor, já sabe disso.

A-d-o-r-o ser mimada e jamais escondi tal informação de quem quer que seja. Adoro me fazer de vítima e assim já tirei proveito de muitas situações. E também nunca neguei!

Ser o centro das atenções é de minha natureza e por isso mesmo não me atrevo a incluir o adjetivo HUMILDE no “quem sou e” ou “sobre mim” de qualquer rede social da vida.

Tá! Sabe tudo que eu escrevi acima? Meu marido já sabia antes mesmo de casar. Porque sou assim, sincera ao máximo, quase insana.

Eu sempre gostei de deixar as coisas claras. Cada um na sua função: eu te irrito, você me aguenta. Simples e justo.

Eu faço manha e você mima a minha pessoa. Mais justo ainda!

O problema é que o malvado do Andrey por vezes esquece as nossas combinações em que eu disse o que fazer, ele olhou com aquela cara “desacredito!!!” e eu fingi não notar.

Lógico que o bichinho nem se anima a perder tempo respondendo aos absurdos que eu costumo falar em momentos recorrentes de delírio feminino. Eu também não acredito nas coisas que falo, mas gabo-me de ser uma ótima atriz, hehe.

Depois de muitos parágrafos de voltas, vou finalmente ao assunto que me tirou a paciência na última quinta feira.

Depois de semanas intensas, de muita correria, trabalho, tensão, roupa pra lavar e passar que não venço, reuniões, viagens e poucas horas de sono, o corpo revoltou!

Na última terça-feira fui direto pro hospital pedir ao médico que tirasse o danado do gato que se instalou em minha garganta e não queria sair dali por nada. Ganhei um dia de descanso que não pude aproveitar, frente aos compromissos inadiáveis que se acumulavam, e uma receita com direito a antiinflamatório e um antibiótico louco de caro.

Ah, que maravilha! Dez dias tomando remédios e com carta-branca para receber todo e qualquer mimo que me ocorresse do meu lindo esposinho.

Nos dois dias que seguiram, qualquer coisinha eu dizia “não posso! Tô doente!”. O mundo estava girando em torno do meu umbigo e eu estava amando.

Mas alegria de pobre dura pouco mesmo, né?

Na quinta-feira da mesma semana, andávamos juntos em direção ao banco quando o maridinho curvou. Curvou e avermelhou. Soltou dois ais. Um mais longo.

Eu parei, olhei e não entendi: ”que que foi?”

- Meu Deus! Uma dor nas costas... aaaaaiii... caramba ( a respiração ficou difícil, eu percebi.)

Sem muita certeza do que estava acontecendo, sugeri (por desencargo de consciência):
- Quer ir ao médico?

Ele respondeu, um tanto impressionado e já entendendo que a brincadeira era meio séria: - vamos sim, tá doendo demais.

Acabava ali o meu projeto de ser o centro do universo por 10 dias.

Corremos pro hospital, eu preocupada e ele curvado.

Contrariando as expectativas, naquela hora do dia o São Vicente estava calmo e o atendimento foi até rápido. O médico apostou que não seria nada sério com a coluna, mas apenas uma contratura muscular de lascar o dono. O Raio-X confirmou as previsões do dr-adivinhador. E a receita foi uma injeção PROFENID.

Em um minuto o Andrey entendeu o poder da injeção. O bumbum latejou tanto, que a dor nas costas virou cócega.

O moço não conseguia sentar ou deitar e, apesar de também ganhar um dia de descanso, voltou ao escritório para cuidar daquelas tarefas que fazem da doença e da dor um artigo de luxo.

Fui eu quem voltou dirigindo pra casa, preparei compressa quente e dei sopinha pro meu gatinho.

Mas aí fiquei pensando: pombas! Não era essa a minha vez?

Sacanagem! Ele roubou a minha vez... Mas tudo bem, a vingança vem a galope, como disse uma vez o Juninho, irmão de uma grande amiga.

O Andrey pode até ter roubado a minha vez, mas teve que tomar injeção, ou seja, se deu mal! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

sexta-feira, 8 de abril de 2011

IDIOTAS!


A atração entre as pessoas acontece com base em alguma coisa. Uns são atraídos pela beleza, outros pela inteligência, outros pelo dinheiro. Alguns foram conquistados pela barriga! Talvez muitos.

As motivações da atração entre um casal podem ser diferentes: ele pela beleza dela, enquanto ela pela grana dele, por exemplo. Claro que acho essa situação uma burrice, visto que a beleza, mesmo que bem cuidada, perde muito de sua força em pouco tempo, enquanto que a grana, se bem administrada, pode render mais e aumentar e melhorar com o tempo. Mas mesmo assim, nos dois casos a aposta é de alto risco! Afinal, dinheiro na mão é vendaval, já dizia a música.

Seja lá qual for o motivo que atrai, é preciso pensar que existem outros que justifiquem a manutenção do interesse. E esse desafio é como as taxas do imposto de renda: exageradamente alto!

Não acredito em amor à primeira vista! E também não o considero, o amor, como um sentimento indomável. Inúmeras vezes me senti atraída por pessoas que, num futuro próximo dali, se tornaram totalmente obsoletas para minha existência.
Um ou outro me fez acreditar diferente, mas o que mudou mesmo foi o tempo que levou para que esses também se perdessem da minha lista de prioridades, importâncias, necessidades.

Não me assusto quando enfim reconheço que também deixei de ser importante para alguns “alguéns”.

Nessas idas e vindas experienciais, fui percebendo que o sentimento estava sujeito ao meu modo de enxergar a vida. Foi então que resolvi aumentar, e muito, o grau de exigência. Decidi que, já que quem mandava no coração era eu, usaria da inteligência em meu favor: quero um grande cara, do tipo “olha que orgulho, mamãe!”.

E a busca ficou minuciosa e difícil. Levei anos nessa peregrinação de esperar cair um presente dos céus. Pesquisei muito, sem que realmente saísse do lugar para isso. Convenci-me que ELE simplesmente surgiria, que não adiantava procurar e que, no máximo, eu podia era viver (e vivi!) ansiosa e sonhadora até que a graça divina se voltasse para minha causa.

Eu e meu marido fomos atraídos inicialmente pela beleza. Quando nos vimos pela primeira vez, chamamos a atenção um do outro. (Mas taí uma coisa que só descobrimos muitos meses depois.)

O processo da conquista exigiu das partes uma longa sequência de manifestações inteligentes que impressionassem o outro. E convencemos. Nos convencemos!
Não, não pense que houve blefe. Em todo o tempo fomos nós mesmos, só que exercitando com maior freqüência o brilhantismo que todo o ser humano possui.

Esses dias, enquanto relembrava o passado recente da nossa história, dei-me conta que há tempos não tenho sido aquela Simone espetacular do começo. Me apavorei!
Desconfiando até da sombra, comecei a pensar se o meu marido já não estaria
decepcionado com a atual esposa, UMA COMPLETA IDIOTA!

É isso mesmo: idiota!

Se o meu humor estiver bom, aí piora! Eu faço voz de criança, fico teimosa e as minhas piadas são, disparado, as mais infantis. Adoro fingir birra, outra idiotice!
Quanto mais eu forçava a memória, mais exemplos de momentos idiotas me ocorriam e maior ficava o medo de estar decepcionando meu lindão.

De repente, aquele turbilhão de lembranças trouxe junto outra constatação: meu lindão também ficou idiota. Ué, mas ele nem era assim antes!? Ou era? Era nada, certeza. Inclusive, todo o mundo pensava que ele é bem mais velho porque “transparece o juízo”. Lembro bem disso.

Eita, deixei o Andrey idiota. Os rompantes dele, reconheço, são beeeem menos frequentes, mas existem. Citaria uns três.

No auge do pânico, já tramando um jeito de voltar à impressionante forma de ser incrível 24 horas do dia, me ocorreu algo que mais que agradou: encheu a minha alma de felicidade e se denunciou por um sorriso enorme que iluminou-me o rosto, mais que isso, deixou-me com cara de idiota feliz! Putz, isso é a minha cara!

De repente constatei que entre nós o processo de conquista tinha ganhado outra dimensão. Já estamos conquistados! Ambos sabemos quem temos ao lado e nos orgulhamos muito disso. Claro que os momentos de impressionar ainda existem e existirão sempre, mas eles vêm junto com a capacidade de surpreender.

A admiração é mútua e agora ela cresce um pouquinho mais devagar. Isso não é ruim! É maduro.

Hoje nosso casamento é formado por duas partes cada vez mais difícil de identificar, mas cuja essência se manifesta com plenitude, sem restrições, pudores ou censura.

O Andrey enfrenta todos os dias a Simone mais escancarada que já pôde existir. E noto que para ele isso é um prazer.

Eu não diria que enfrento o Andrey, porque aturá-lo é extremamente fácil e muito pouco pesado. Os momentos difíceis existem sim, mas meu marido se esforça por torná-los raro e isso é admirável.

Somos um casal com tiques, manias, convicções, humores, valores, criação diferente. Nossa gangorra permite momentos incríveis e aqueles extremamente banais. Mas o que seria a vida sem a mistura de tudo isso?

Desconfio fortemente que estamos no caminho certo e se alguém discordar, afff... só pode ser um idiota!

(p.s: esqueci de avisar, tenho a mania idiota de ser “dona da razão”. Meu marido nunca concordou com isso, que fique claro!)